Livro: A mentira cabeluda
Autor: Pedro Bandeira
Editora: Moderna
Ano de publicação: 2012
Nº de páginas: 24
Em uma época marcada por fake news, nada mais necessário do que a leitura de A mentira cabeluda, de Pedro Bandeira. Por mais que o livro seja direcionado para o público infantil, creio que ele pode também despertar no leitor adulto aquelas lições dadas na infância acerca da mentira e do quão feia e constrangedora ela pode ser.
Depois de retornar do recreio, Caloca percebe que sua caneta dourada sumiu de sua mochila. Em meio a todo aquele alvoroço, Denis, coleguinha de Caloca, acaba acusando injustamente Fabinho de ter pegado a caneta.
No entanto, mal sabia ele que Lucas, que apenas estava observando tudo, sabia a verdade do sumiço da caneta.
Por conta da mentira contada, Denis dá de cara com uma aparição horrorosa: a Mentira, “uma criatura peluda, feia, gosmenta”, acompanhada da Covardia e da Maldade, igualmente nada agradáveis. Tais alegorias fazem um contraponto com a figura da Boa Mentira, que mais parece uma fada. A partir de então, o menino aprenderá uma lição e tomará uma atitude diferente em relação ao sumiço da caneta dourada de Caloca.
Com uma linguagem simples, sem muitas artimanhas, objetiva e direta, Pedro Bandeira alcança o efeito desejado: mostrar que a mentira pode prejudicar e constranger alguém de forma injusta, além de não ser nada legal ser taxado de mentiroso.
As ilustrações do Walter Lara colaboram para materializar os sentimentos e as reações causadas pela situação narrada, exercendo uma função complementar à história.
Partindo de uma situação cotidiana – a sala de aula –, Pedro Bandeira nos apresenta uma narrativa com fundo moral que também pode ser lida pelos adultos, sobretudo numa época em que as fake news têm conduzido as relações e as informações no mundo.
Que tal leitura possa surtir algum efeito positivo sobre os seus leitores, já que a literatura também pode humanizar as pessoas, conforme Antonio Candido preconizava em “O direito à literatura”.
Blogger, Andarilha na Literatura e Doutora em Letras. Colunista na Revista Entre Poetas e Poesias.
Como é contado na resenha, há muitos Lucas nesses tempos de Fake News, onde observam apenas e se abstém em contar a verdade. Isso na minha opinião é compactuar com a mentira, ou nos dias atuais, com as Fake News.