Livro: Amoras Autor: Emicida Editora: Companhia das Letras Ano de publicação: 2018 Nº de páginas: 44
Recentemente, meu coração de leitora ficou encantada pelo livro Amoras, do rapper, cantor, compositor e também escritor Emicida. Posso dizer que a obra é uma leve onda de beleza e de humanidade em meio a uma miríade de insensibilidade e intolerância que toca o ser humano atualmente.
Uma história baseada numa conversa que o autor teve com a sua primeira filha, que acabou aflorando certa sensibilidade ligada à paternidade, Amoras vai muito além do seu singelo enredo. O autor consegue trazer questões complexas sobre representatividade e identidade, além de ter dado destaque a figuras históricas e da cosmogonia africana, como Marthin Luther King e Zumbi dos Palmares. Por meio de uma linguagem simples, embalada pelo ritmo de uma narrativa poética e ritmada, Emicida busca “palavras inspiradoras, positivas e convidativas que façam com que as crianças tirem conclusões por elas mesmas”, como afirmou em entrevista disponível no seu canal no Youtube.
E isso acontece em Amoras: a protagonista, uma criança negra, de cabelos encaracolados, percebe-se tão linda quanto as amoras que colhe do pomar, que quanto mais pretinhas mais doces. A partir daí, vê-se a importância de se cultivar a autoestima das crianças e o reconhecimento de sua própria identidade, independente de sua etnia, cor de pele, bem como da necessidade de se romper com a ideia de que há um padrão de beleza que anula as outras belezas, que residem, sobretudo, nas diferenças.
Vale destacar que o ponto de origem para que o livro tomasse corpo é a música também denominada “Amoras”, na qual ele diz: “Mas como o pensar infantil fascina/de dar inveja, ele é puro, que nem Obatalá”. Assim, deixamos esse gostinho para incitar a curiosidade de leitor no intuito de conhecer essa linda história.
Blogger, Andarilha na Literatura e Doutora em Letras. Colunista na Revista Entre Poetas e Poesias.